Compostagem: uma ideia que toca a todos nós!

(um artigo da nossa colega Ana Maria Melo)

Um dia chuvoso, meio frio... Mas eu tinha um compromisso importante: conhecer o Pátio de Compostagem da Lapa/SP.

Pensei em desistir, mas sou muito curiosa e não teria outra oportunidade como essa tão cedo. Então, lá fui eu... Eu e mais 17 pessoas: que trabalham com resíduos, interessadas pelo tema ou apenas curiosas.

O Pátio é o piloto de uma solução  para o resíduo orgânico da nossa cidade, que representa 51% de todas as 18 mil toneladas geradas por dia. Ele é uma realização da Secretaria de Serviços, por meio da Autoridade Municipal de Limpeza Urbana (Amlurb), em parceria com a Subprefeitura da Lapa e a empresa Inova, responsável pelos serviços de limpeza nas regiões norte, oeste e central do município.
E no caminho eu pensava: “O quanto isso está próximo de mim? Onde essa ideia me toca?”

E fui totalmente surpreendida!

Primeira surpresa: COMPOSTAGEM NÃO TEM CHEIRO! De verdade! Eu tinha um estereótipo na minha cabeça, que deveria cheirar mal. Mas não cheira a nada, na verdade.

Outro ponto que me surpreendeu, e o grupo ajudou muito, foi entender que o ciclo desse projeto está muito bem amarrado. Não há arestas, e olha que o grupo perguntou tudo para a equipe da Inova e da Prefeitura que nos receberam no Pátio.

Mas o que é esse ciclo? É o processo que começa com a coleta dos resíduos orgânicos em 26 feiras livres da Lapa/SP. Ou seja, o agente que começa o processo é o feirante. Eles separam tudo em sacos, que a equipe da Inova leva para o pátio e então começa o processo nas leiras estáticas de aeração natural, um sistema baseado em um método criado pela Universidade Federal de Santa Catarina e o Centro de Promoção e Estudos da Agricultura de Grupo (Cepagro). E o processo termina também com o feirante, pois ele recebe o composto orgânico gerado pela compostagem. O composto também é usado em praças e outros espaços públicos. Esse ciclo leva 120 dias apenas e com um custo bem baixo para o retorno oferecido para a sociedade!

Uma boa métrica é a seguinte: Para cada TONELADA de resíduo orgânico compostado, 900kg de CO2 deixam de ser lançados na atmosfera! E só o Pátio da Lapa, composta 35 toneladas de resíduos por semana! Ou seja, por ano, 1,6 milhões de quilos de CO2 deixam de ir para a atmosfera.

É uma iniciativa que não gera lucro para a prefeitura, mas diminui diversos custos (entre eles transporte, armazenamento, recursos humanos, custos de aterramento) e ainda gera muitos benefícios para a humanidade!

Outra descoberta curiosa é que quase não chegam bananas no pátio. É o alimento que tem menos desperdício na feira. Os que são mais desperdiçados são as folhas! Isso faz total sentido para mim, que adoro banana e facilmente abro mão de folhas. Mas será que precisamos desperdiçar tantas folhas assim? 

Saí de lá com uma clareza grande com relação aos meus questionamentos iniciais: “O quanto isso está próximo de mim? Onde essa ideia me toca?” 

Essa ideia me toca porque envolve pessoas, empresas e governo em torno de uma ação pouco atrativa em geral, que são os resíduos, ou seja, o lixo. E nem é o reciclado, que é mais conhecido pela reutilização.

O quanto está próximo de mim? Está colada em mim! Na semana que vem vou na feira conversar com os feirantes sobre a iniciativa. Começo a pensar em ter uma composteira (de minhocas no meu caso de apartamento pequeno)... porque não? Cheguei em casa e contei do meu dia para meu filho de 5 anos, que se animou muito. Será que quando ele crescer já teremos composteiras em toda a cidade? Será que as pessoas farão a compostagem do seu lixo?